Num só dia, duas frustrações. A sexta-feira poderia ter sido de boas
notícias para o torcedor do Flamengo. A diretoria rubro-negra esperava
um “sim” do Wolfsburg sobre a tentativa de contratar o meia
Diego e internamente tratava como certo o retorno do zagueiro
Juan,
que decidiu deixar o Roma um ano antes do término do contrato. Nada
feito. Os alemães disseram “não” ainda na quinta e oficializaram a
negativa no dia seguinte. Promessa de campanha de Patricia Amorim, Juan
tem acerto encaminhado com o Inter e é aguardado em Porto Alegre na
segunda-feira. A corda esticou. A janela de transferências vai fechar no
próximo dia 20, e o sonho de contratar um camisa 10 de peso ficou
distante.
Dois banhos de água fria que não são novidade para a atual gestão.
Apesar de ter conseguido acertar com Vagner Love nesta temporada, há um
ano o Rubro-Negro empilha negociações fracassadas. E sempre tropeça nas
dificuldades financeiras e nos conflitos internos de interesses. Tentou o
atacante
Kleber,
na época do Palmeiras, e não conseguiu. Tentou Juan em cada abertura de
janela de transferências do exterior, mas falhou, assim como na
tentativa de manter
Thiago Neves,
que acabou indo parar no Fluminense na virada do ano. A frase "todo
mundo quer jogar no Flamengo", dita por muitos dirigentes e jogadores,
não tem feito muito sentido.
Thiago Neves, Kleber, Diego e Juan foram as tentativas fracassadas do Rubro-Negro
(Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Diego, de 27 anos, era o plano A do diretor de futebol Zinho e do vice
de finanças Michel Levy. A dupla elaborou uma engenharia financeira,
suportou a pressão interna contrária ao negócio, mas não conseguiu
convencer o clube alemão a liberar o jogador. O Flamengo arcaria com R$
500 mil mensais de salário por um ano. A outra metade seria de
responsabilidade da Volkswagen, acionista do clube alemão, que
investiria R$ 7,5 milhões no período e em contrapartida estamparia sua
marca no espaço nobre da camisa rubro-negra. Não deu.
O Rubro-Negro retomou contato com Juan, de 33 anos, nesta semana para
tentar repatriá-lo e aguardava uma resposta sobre a oferta salarial,
algo em torno de R$ 350 mil. O zagueiro ainda tinha mais um ano de
contrato com o Roma, clube que defende desde 2007. No fim de maio, Juan
confirmou que havia sido procurado por Zinho, mas disse que aquele não
era o momento ideal para voltar ao Fla. Foi na Gávea que o zagueiro foi
projetado para o futebol. Desta vez parecia que a volta seria o caminho,
mas o Inter fez uma oferta superior. Neste caso, Zinho e Michel Levy
ficaram em lados opostos. O vice de finanças era contra o acerto.
Em julho do ano passado, o Flamengo tentou contratar Kleber, então
jogador do Palmeiras. Levy tomou novamente a dianteira das tratativas. O
Rubro-Negro fez uma oferta no valor de R$ 7 milhões por 50% dos
direitos econômicos do Gladiador. Depois, estudou aumentar a proposta,
manteve conversas com o empresário Giuseppe Dioguardi, e afirmou ter
desistido oficialmente da contratação. Hoje, Kleber está no Grêmio e
trabalha com Vanderlei Luxemburgo. Técnico do Flamengo na época, ele não
aprovava a contratação.
O Flamengo contratou Thiago Neves por empréstimo junto ao Al Hilal, dos
Emirados Árabes, por um ano, comprou 10% dos direitos econômicos, mas
não conseguiu exercer a opção de comprar. Sem conseguir pagar os R$ 18
milhões pré-estabelecidos, viu o meia se transferir para um rival.
Thiago voltou ao Fluminense.
Além das tentativas frustradas, o Flamengo perdeu Ronadinho Gaúcho.
Depois de um ano e quatro meses, o camisa 10 deixou o clube sob alegação
de descumprimento de contrato. Ele cobra R$ 40 milhões na Justiça do
Trabalho e agora é jogador do Atlético-MG.
Plano B para a camisa 10 pode estar na América do Sul
Sem Diego, Zinho procura um novo nome para o meio-campo. Riquelme, que
decidiu deixar o Boca Juniors, tem corrente na Gávea, mas não agrada ao
diretor de futebol. Zinho reconhece a qualidade do argentino, mas a
idade, 34 anos, o temperamento difícil e o histórico de problemas de
relacionamento são apontados por ele como obstáculos.
Diante da dificuldade de encontrar um nome de peso na Europa e
conseguir arcar com a parte financeira, o dirigente passa a olhar para a
América do Sul.
Procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, o vice de finanças
Michel Levy disse que apenas Zinho pode falar sobre a tentativa de
contratar jogadores. O diretor, por sua vez, não foi encontrado para
comentar o assunto. Ele está em Salvador com a delegação para o jogo
contra o Bahia, domingo, pelo Brasileirão.
FONTE: http://globoesporte.globo.com